Chama
- para Laryssa Mariano, Maura Barbieri e Isabela Possas.
Com o trânsito parado, Pedro olha pela janela. Tem pressa, muita pressa, e raiva daqueles que atravancam sua vida. Levam bandeiras, gritam, andam devagar só pra atrapalhar. O sono vai chegando, o assento confortável, o sol esturricando, os olhos cerrand...
lembra do irmão Paulo. Este diria que todos estão debaixo do mesmo sol. Exatamente o mesmo. Todos esturricam, e aqueles ali, gritando. Que deveria vir à cabeça?
Pedro já percorre uma distância muito maior e vai pra perto de uma escola de bairro, pequena, simples, mas bem cuidada. Está sentado na calçada esperando as portas, sempre receptivas, se abrirem - para ele também. Observa, sentado do outro lado e numa esquina mais embaixo, um homem de uns quarenta, trajado de calção e camiseta, que se dirige a um de uns seis que se aproxima.
- Ó o Subaco aí! 'Quê que cê mais seu pai não apareceu lá ontem?
Ao mesmo tempo, um menino vai subindo, com a mãe, no meio da rua. A conversa era aquela que o próprio Pedro já teve tantas vezes com o pai. Sem tirar nem pôr, inclusive porque a mulher também fingia o interesse do mesmo modo como o pai de Pedro fizera anos antes. O importante é o moleque falar, afinal de contas.
Um fio gelado de baba o acorda de seu cochilo. Quanto tempo ainda naquele trânsito? Tinha fome. Imaginou, por um tempo, que o homem de camiseta, a mulher e o filho e mesmo o simpático Subaco também deveriam ter fome. Afinal, era hora do almoço. Lembrou mais uma vez da figura de Paulo - todos vivemos debaixo do mesmo sol.
Voltou a cochilar, e só foi acordar quase em casa.
nota: o texto, inicialmente, seria um conjunto de fragmentos de textos-feto que eu abortei e deixei morrer na última semana, sob o nome de "Turbo" (estava ouvindo Turbo Lover , do Judas Priest, quando comecei), a idéia surgiu durante uma conversa com a Laryssa. Mas parece que acabei esquecendo por completo dos outros textos - só desenvolvi (ainda que bem mais ou menos) um deles, que está aí. Dedico às minhas três leitoras.
Com o trânsito parado, Pedro olha pela janela. Tem pressa, muita pressa, e raiva daqueles que atravancam sua vida. Levam bandeiras, gritam, andam devagar só pra atrapalhar. O sono vai chegando, o assento confortável, o sol esturricando, os olhos cerrand...
lembra do irmão Paulo. Este diria que todos estão debaixo do mesmo sol. Exatamente o mesmo. Todos esturricam, e aqueles ali, gritando. Que deveria vir à cabeça?
Pedro já percorre uma distância muito maior e vai pra perto de uma escola de bairro, pequena, simples, mas bem cuidada. Está sentado na calçada esperando as portas, sempre receptivas, se abrirem - para ele também. Observa, sentado do outro lado e numa esquina mais embaixo, um homem de uns quarenta, trajado de calção e camiseta, que se dirige a um de uns seis que se aproxima.
- Ó o Subaco aí! 'Quê que cê mais seu pai não apareceu lá ontem?
Ao mesmo tempo, um menino vai subindo, com a mãe, no meio da rua. A conversa era aquela que o próprio Pedro já teve tantas vezes com o pai. Sem tirar nem pôr, inclusive porque a mulher também fingia o interesse do mesmo modo como o pai de Pedro fizera anos antes. O importante é o moleque falar, afinal de contas.
Um fio gelado de baba o acorda de seu cochilo. Quanto tempo ainda naquele trânsito? Tinha fome. Imaginou, por um tempo, que o homem de camiseta, a mulher e o filho e mesmo o simpático Subaco também deveriam ter fome. Afinal, era hora do almoço. Lembrou mais uma vez da figura de Paulo - todos vivemos debaixo do mesmo sol.
Voltou a cochilar, e só foi acordar quase em casa.
nota: o texto, inicialmente, seria um conjunto de fragmentos de textos-feto que eu abortei e deixei morrer na última semana, sob o nome de "Turbo" (estava ouvindo Turbo Lover , do Judas Priest, quando comecei), a idéia surgiu durante uma conversa com a Laryssa. Mas parece que acabei esquecendo por completo dos outros textos - só desenvolvi (ainda que bem mais ou menos) um deles, que está aí. Dedico às minhas três leitoras.
7 Comments:
Eu tb sou sua leitora!
sim, você é minha leitora. Mas, como eu andei explicando pra Lorena, essas aí são as leitoras no sentido de que são as únicas pessoas pra quem eu emprestaria meus cadernos sem preocupação alguma.. não é nada pessoal, mesmo. Mas elas me conhecem de um tanto que... bom, desnecessário explicar.
olha o blog do rbd... hehehe
então, desenvolva os outros textos pra eu poder lê-los também!
O que nos diabos é RBD? Não responda, é uma pegadinha.
não é só barbieri não, ow.
curti teu texto! ;)
não sei se tinha uma interpretação maior, mas a do sol, embaixo do qual todos vivemos... eu fiz, à minha maneira.
eu não vou te xingar pela minha não-exclusividade, viu? e olha que até comentei aqui! bjão!!
Quem essa Maura acha que é pra querer exclusividade?
hehehe
Brincadeirinha.
Bom texto. Parabéns pela coragem de desenvolvê-lo.
Escrever é uma guerra. Que bom que você é forte...
*curiosa para saber quem são as três leitoras*
Aqui, aiai... Adoro a casualidade que você coloca nos seus micro contos. O retrato que elas dão de algumas cenas que eu testemunhei desde que me mudei pra BH. E essa frase, "todos vivemos sob o mesmo sol" é realmente inspiradora.
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