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quinta-feira, março 22, 2007

Como nos contos de fada

Aquele maldito castelo era um tanto alto, deu um trabalhão pra chegar até lá. Idéia de moleque, encarar uma canseira dessas, por mais que eu já tivesse barba na cara. Era bem parecido com castelos de contos de fada, no alto de uma colina bem verde com uma estradinha de pedras cinzentas levando ao portão principal. Mas de longe não parecia tão grande, de tão nítido que era o desenho de suas torres. Mesmo a quilômetros de distância dava pra reconhecer cada feição daquele castelo.

Bom, e lá ia eu, montado no meu bravo Praxedes, que de contos de fada não tinha nada. Tá certo que era um cavalo branco, mas mesmo assim com ressalvas. Era um branco meio encardido, quase cinza. Mas branco. Subia a colina nos passos lentos de sempre, coitado, levando o nobre cavaleiro que vos escreve, e todas as outras quinquilharias também. Uma espada que de tão pesada não sei nem como já fui capaz de levantar e um capacete de ferro meio esquisito, que me tampava a vista e eu evitava usar. Isso sem falar nos javalis que havia caçado, meu baú de pedras preciosas, uma donzela que achei pelo caminho, meu fiel escudeiro e a bigorna mágica que um ferreiro tinha me dado de presente ali na aldeia do lado de lá. É, Praxades, Praxedes... ele tinha um bom coração.

Pois é, e lá ia eu, me aventurando por aquela estradinha perigosamente tortuosa, morrendo de vontade de rolar na grama colina abaixo, já que não era tão íngreme assim. Só que eu estava na missão mais épica que um nobre cavaleiro jamais havia encarado, tinha até dragão e uma outra donzela. Imagina só, eu com duas donzelas! E é claro que eu nunca iria dividir com meu escudeiro. Robin Hood não era cavaleiro, era? Pois é. Grandes riscos, grandes lucros. À medida em que a estradinha chegava ao fim eu via, finalmente, o tamanhão do castelo, que fazia Minas Tirith parecer um bloquinho de LEGO. Se Tolkien tivesse visto aquilo, com certeza nem se importaria em reescrever aquela história dos anéis. Ou melhor, reescreveria toda sua obra. O castelo era maior que Arda. Mas Tolkien também não era um cavaleiro, era? Pois é. Grandes riscos, grandes lucros.

Então, lá ia eu, em direção ao meu destino. Épico, glorioso, melódico - mais ou menos como o André Matos, ou o Tobias Sammet, ou o Luca Turilli, ou os três juntos. Sem as calças apertadas, é claro. Mas aí... eles não são cavaleiros, são? Pois é. Grandes riscos, grandes lucros. E o meu destino estava ali, naquele mundo de pedra. Já estava até pensando nas minhas quinze indicações pro Nobel da Paz, da Física, da Literatura e, é claro, nos meus Oscar's. Mas isso era pra quando eu voltasse. Com duas princesas, ainda por cima. E isso porque eu nem tinha um carro vermelho e nem um V3. E fui chegando lá. Os portões do castelo, apesar de grandes, não me impressionaram. Rangeram muito quando se abriram. Fiquei tão irritado com aquele barulho idiota que nem reparei que se abriram sozinhos, e que estava tudo escuro lá dentro.

Aí, lá ia eu, desci do Praxedes, coitado, e fui arrastando minha espada à procura do dragão. Coloquei o capacete também, já que estava escuro e não faria muita diferença. Tudo estava silencioso. Só se ouvia o som dos meus passos e da espada se arrastando, além de uma goteira, que com certeza alguém tinha colocado ali pra dar um clima de suspense. Encontrei a escada para a torre principal, estreita mas nem tanto, deu pra arrastar a espada numa boa por ali. Desarmado eu certamente estaria em perigo. Mas eu sou um cavaleiro, não sou? Pois é. Grandes riscos, grandes lucros. O caminho foi ficando cada vez mais iluminado à medida que subia, e achei bem interessante a cor bege das pedras. O céu chegou de repente e me ofuscou por um tempo; mas logo me recuperei e me descobri num grande... bom, era o alto da torre. Plano, e muito, muito largo. No meio tinha um dragão deitado, e não muito distante dele uma princesa muito princesa, se é que você entende a minha linguagem épica, acorrentada ao chão.

Assim, lá ia eu. Pra resumir, fui lá e matei o dragão. Nem foi tào difícil não. Afinal de contas, ele não era um cavaleiro, era? Pois é. Grandes riscos, grandes lucros. Libertei a princesa, olhei pra ela, ela olhou pra mim, sorri pra ela, ela sorriu pra mim, vimos que não tinha ninguém olhando e... bom, não foi à toa que eu disse que como nos contos de fadas. A profissão de cavaleiro é realmente compensadora. Grandes riscos, grandes lucros.

4 Comments:

Blogger Thaís said...

Huahahauhuauhaha!

como nos contos de fada foi foda...

duas princesas, é?

=*

23 de março de 2007 às 15:53  
Anonymous Anônimo said...

muito grande
depois eu leio

24 de março de 2007 às 01:53  
Blogger Arashi-sama said...

ahuahauahahahaha

e a primeira princesa?
ficou sozinha no Praxedes?

acho que o escudeiro tbém se deu bem, viu...

;**

1 de abril de 2007 às 02:01  
Blogger Leopoldo Moura Jr. said...

Dé, bela conquista!
Afinal, grandes riscos, grandes lucros.
Ou, como se dizia antigamente, mais modestamente: quem não arrisca não petisca.
Beijão do velho e cansado pai.

4 de abril de 2007 às 13:35  

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